1. Conceito de Biologia de Comportamento

2. História de Biologia de Comportamento.
3. Objecto de Estudo de Biologia de Comportamento
4. Objectivos de Estudo de Biologia de Comportamento
5. Método de Investigação de Comportamento
6.  Questões Básicas da Biologia de Comportamento.



 

Conceito de Comportamento

As chamadas ciências do comportamento são várias. Elas definem-se como disciplinas que, com base em métodos das ciências naturais, investigam o comportamento animal e humano.

Comportamento animal: Uma ciência pode ser definida de diversas maneiras. Como um saber, conhecimento que se adquire através da transmissão cultural, instrução, leitura e mesmo pela meditação. Como uma reunião de idéias relacionadas a um determinado tipo de objeto ou assunto, dados esses obtidos por experimentação,  observação ou conhecimento de fatos. Em geral, o assunto ou objeto investigado por qualquer que seja a ciência em questão, atende a algum dos interesses básicos humanos: alimentação, defesa, desenvolvimento, curiosidade.     Para além da Biologia do Comportamento, fazem parte a Etofisiologia, a Etogenética, a Etotoxicologia, a Etoteratologia, a Etologia Humana, a Sociobiologia, a Sociologia, a Psiquiatria ,a Psicologia, a Paleo-etologia humana, e  Etoprimatologia

Segundo Banks (1982), o Comportamento é um aspecto do fenótipo do animal que envolve apresença ou não de actividades motoras definidas, vocalização e produção de odores, os quais conduzem as acções diárias de sobrevivência do animal e as interacções sociais.

Como qualquer outra característica fenotípica, o comportamento é determinado por factores ambientais e genéticos, podendo ser visto como processo dinâmico e sensível às variações físicas do meio e a estímulos sociais.

História de Biologia de Comportamento.

 Segundo TEMBROCK ( 1992) na Psicologia (Homem) como: “uma actividade que organizada de uma determinada forma coloca o organismo numa relação mútua com o seu meio”.

Ao longo dos quase cem anos de desenvolvimento da Etologia podem ser identificadas duas grandes correntes de pesquisas, conhecidas como:

ü  comportamentalismo, 

ü  etologismo.

            Elas são distintas quanto ao ponto de partida, enfoque de pesquisa, metodologia e interpretação dos comportamentos observados.

Defensores do Comportamentalismo e suas obras

As causas imediatas dizem respeito ao estudo de:

 

ü  Mecanismos genéticos/ontogenéticos do comportamento: Efeitos da herdabilidade sobre o comportamento. Interações genético-ambientais durante o desenvolvimento ontogenético que afetam o comportamento.

ü  Mecanismos sensório-motores (fisiologia) : Detecção dos estímulos ambientais: acção do sistema nervoso. Ajustes da responsabilidade endógena: acção dos sistemas hormonais Efetuação das respostas: acção do sistema músculo-esquelético.

DARWIN (1859) desenvolveu três princípios que vieram determinar sobremaneira a evolução da Etologia (e da Biologia do Comportamento). São eles:

1. Princípio de hábitos objectivamente associados,

2. Princípio de antítese: estados espirituais (emocionais) contraditórios conduzem à, igualmente, estados motores (movimentos) contraditórios,

3. Princípio de liberação de acções pelo estado do sistema nervoso central, independentemente da vontade e dos hábitos.

As causas últimas dizem respeito ao estudo de:

ü              História biológica do comportamento: Origem do comportamento e suas mudanças no tempo.

ü              Resultado da selecção natural na determinação do comportamento actual: Adaptação do comportamento (efeito sobre a reprodução diferencial).

A formulação clássica dos princípios e métodos etologistas foi criada com os trabalhos de Konrad Lorenz e de Nikolaas (Niko) Tinbergen, que as resumiu em seu livro de 1951, O Estudo do Instinto.

  Tinbergen  descobriu o poder do estímulo-sinal ao observar que o filhote recém-nascido de uma gaivota prateada tem “acionado” o seu comportamento de pedir alimento quando vê uma mancha alaranjada, típica do bico dos pássaros adultos.

 Lorenz, por sua vez, ao descobrir o fenómeno da estampagem, pelo qual certas “marcas” são gravadas (ou estampadas) na memória do filhote, pôde demonstrar de que forma a experiência é capaz de dirigir ou determinar o desenvolvimento de comportamentos inatos.

 

Comportamentalismo Vs  etlogismo

A escola comportamentalista da Psicologia, fundamentada numa abordagem experimentalista da Psicologia, considerou o experimento controlado a única fonte legítima de conhecimento.

Dessa forma, diziam, os métodos empíricos (observação e interpretação dos comportamentos à luz da evolução e da ecologia) adoptados pelos etologistas deveriam figurar entre as especulações filosóficas e portanto como “não-científica”.

  E os acusavam de considerar o rótulo “instintivo” como uma explicação em si mesma, e de aplicar este rótulo demasiado rapidamente e sem evidências suficientes.

Do outro lado do ringue, os etologistas – amparados pela escola estruturalista da Psicologia - queixavam-se de que a maioria dos comportamentalistas ignorava o comportamento de qualquer outro animal que não fosse o rato branco ou o pombo.

Eles sugeriam que a realidade do instinto seria muito mais óbvia para qualquer pessoa que pudesse afastar-se de uma caixa de Skinner para observar uma colméia de abelhas ou um pássaro em seu ninho.

            As desavenças começaram a ser superadas graças a pesquisas científicas realizadas por cientistas que procuraram ir além da polémica entre aprendizado e instinto

Uma das mais significativas delas foi realizada por Marler e Tamura que estudaram o desenvolvimento do canto no pardal de coroa branca, que atraiu o interesse por seu canto apresentar diferenças regionais, como fossem “dialetos”, facilmente reconhecíveis.

Actualmente …

Etologia, mais modernamente, Comportamento Animal é um ramo da Biologia que se dedica ao estudo do comportamento dos animais, usando métodos de investigação científica fundamentada na premissa de que o comportamento apresenta causas imediatas e últimas. (Tinbergen,1963; Alcock, 2011).

Objecto de Estudo de Biologia de Comportamento

ü  Indivíduos naturais intactos, i.e. não influenciados de alguma forma pelo Homem (o leão na selva);

ü  Indivíduos naturais sob influência antropogénica (animais capturados na natureza e colocados sob custódia do Homem);

ü  Indivíduos naturais laboratoriais, aqueles que são criados pelo Homem em meio laboratorial (as cávias cobaias e o macaco-Rhesus, por exemplo);

ü  Homem;

ü  Grupos sociais (nas suas variadas formas de manifestação);

ü  Indivíduos isolados.

Hoje, os aspectos relevantes de investigação biocomportamental são:

(1) as estruturas do comportamento (morfologia comportamental),

(2) as bases do comportamento (Etometria, Fisiologia comportamental, genética comportamental),

(3) o desenvolvimento individual e específico (ontogénese e filogénese comportamentais, tradições) e

(4) a adaptação ao ambiente, adquirida ao longo do processo filogenético (Etoecologia).

A individualidade e a especificidade (relativo à espécie) do comportamento constituem igualmente objectos de investigação da Biologia do Comportamento.